Sim, a Bolsa sobe com impeachment, mas e depois?





Impeachment! Palavra que tanto temos ouvido por ai. O mercado tem sido implacável com essa "nova expectativa". A possibilidade de mudança de política econômica deu mais ritmo ao mercado, que respondeu com forte rally, volume e volatilidade desde janeiro até hoje.

Mas como mensurar o impeachment? Ainda que os preços oscilam totalmente apartado da economia, como colocar tal expectativa sobre o preço?
Resolvi compilar todas as notícias relevantes com as palavras "impeachment" e "Dilma" para tentar entender que, a medida que o assunto fosse ficando mais falado isso teria ou não alguma relação com o mercado.

Este indicador (linha branca do gráfico abaixo) mostra a soma acumulada de todas as notícias relevantes com essas duas palavras chave desde abril de 2015 até hoje.
impechibov


Outra comparação interessante é sob o ponto de vista do risco. Coloquei esse gráfico do impeachment junto com o Dólar e o CDS de 5 anos (seguro contra o risco país). Veja que quando a inclinação do impeachment ficou mais forte tanto o dólar como o CDS despencaram.
impechdolarcds


Ainda que estejamos em um momento completamente diferente, especialmente no ponto de vista da economia, fiz essa mesma comparação lá em 1992, com a saída do Collor. Rodei o mesmo modelo procurando todas as notícias relevantes com as palavras "impeachment" e "Collor" para buscar a mesma correlação. Repare que, assim como neste ano, tivemos aumento do nível do Ibovespa na medida em que aumentava o noticiário sobre o impeachment.
impcollor


Minha conclusão:


O mercado está comprado com a ideia do impeachment e não acho que todo o movimento esteja "precificado". Entretanto, devemos ter total cuidado ao falar que a bolsa pode continuar com forte rally se o impeachment acontecer. Uma coisa são as expectativas sobre a mudança de política econômica, que traz um ambiente de melhor previsibilidade e, portanto, investimentos. A outra é de fato o impeachment acontecer e o governo continuar sem agir tomando as medidas necessárias para que a economia volte a crescer. Ainda que o mercado tenha esperança por novos ventos, em algum momento o investidor poderá tomar conhecimento que os preços se afastaram demais da realidade da economia. Como um barco a vela que perde sua referência quando se afasta do litoral.

Continuo com uma projeção de curto prazo nos 53.700 tomando como base o último rally eleitoral de 2014. Acredito também que o Ibovespa possa continuar subindo ainda mais, porém neste ponto citado acima, temos uma série de coincidências técnicas que o forçam para uma importante área de resistência. Outro aspecto importante que contribui para o cenário atual é a elevada volatilidade dos preços, pois quanto mais alta maior será a dificuldade de precificar os ativos e pior será a relação de risco sobre os retornos das operações.

Novos ventos, novas possibilidades. O mercado navega na esperança do "terra à vista". Para o alvo e avante!

Abraços,

Raphael Figueredo





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